quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Resenha: Prototype

Por Vitor "vD" Duarte




A iniciativa de criação de um jogo deve ser algo interessante. Um diretor criativo deve se reunir com alguns especialistas depois de pesquisas com nerds em sites aleatórios e começam a discutir. O que um gamer quer hoje em dia? Suponhamos que o público queira um jogo violento, aterrorizante, com liberdade pra fazer o que você quiser e que te dê possibilidade de jogar tanto casualmente quanto te entreter por horas e horas a fio, sem te enjoar.

Se um dia alguma pesquisa tivesse sido feita, e esse tivesse sido o resultado da opinião majoritária, Prototype viraria uma lenda.

Um jogo de 2009, que carregava um certo hype nas costas. Prototype nos apresentava seu protagonista sendo caçado por exércitos americanos numa cidade infestada por destruição e caos. Um dos primeiros vídeos mostrava nosso amigo procurado sendo pouco gentil com vários soldados americanos, usando poderes bastante interessantes. Os trailers passavam e o indivíduo ganhou nome: Alex Mercer. Terrorista. Assassino. Monstro. Ameaça à Manhattan.



Verdades com rastro de sangue

Após a introdução do vídeo ali em cima, você já ganha controle do personagem misterioso. Numa Manhattan tomada pelo caos. Entende-se que o vírus se espalhou e que o exército está em estado de emergência para combater... Zumbis. A nomenclatura é um pouco forçada, mas é a mais plausível por aqui. Você então começa a ter idéia dos poderes do protagonista, que vão de força e velocidade sobre-humanas até transformar o próprio corpo em armas. Garras, punhos de rocha, um braço-espada. Tudo muito violento, com certeza. Mas calma, estamos nos adiantando. O jogo então mostra que isso é só um futuro um pouco distante, e volta para nos localizar.

Mercer aparece para nós numa cama de necrotério, enquanto médicos se preparam para fazer a autópsia de seu corpo. Quando nos acomete o fato de que o encapuzado está vivo, deixando os doutores aterrorizados e chamando por mamãe. Depois que eles fogem, o pseudo-corpo levanta-se e sai do local onde está, indo parar do lado de fora do prédio de uma empresa chamada GENTEX. Logo ao sair, ele avista soldados militares, que foram avisados pelos doutores sobre o que aconteceu. Por algum motivo desconhecido, eles matam os coitados e logo vêem Alex. O "Shoot on Sight" entra em ação e eles atiram infinitamente. Coitadinho. Game Over. Ou não.

Para sua surpresa, ele se levanta e olha ao redor, achando um caminho fácil para fugir dos fuzileiros. Fácil pra quem faz Parkour, claro. Mas Mercer e as infinitas balas alojadas em seu corpo conseguem fugir dos soldados. Daí pra frente, você assume o controle, e já pula uma grade que deve ter uns seis metros de altura. Sim, você ficou debaixo de uma chuva de tiros e consegue pular seis metros. O que leva a crer que você é imortal. E pode pular muros de mais de seis metros. Você é realmente imortal.

Logo depois, aparecem mais e mais soldados no seu encalço. Ótimo. Só pegar um carro aleatório na rua e jogar em cima do helicóptero de onde eles estão saindo. Sim, você é forte. Muito forte. Eventualmente, os soldados entram no seu caminho e você desce pancada em cima deles. Confirmando que você é muito forte. Após quebrar o crânio de alguns aleatórios, você só quer saber de fugir. E, por impulso, corre pra cima de um prédio, esperando que Mercer suba a parede andando. E é exatamente isso que ele faz.

No topo do prédio, mais helicópteros do exército vêm atrás do fugitivo. E você pode responder à ameaça de várias formas. A mais adequada, com certeza, é arrancar estruturas de ventilação do topo do prédio e jogá-las em cima dos veículos. Grande sucesso.



Assim é o começo de Prototype. Fuga, perseguição, tiros, explosões. Quase um filme do Michael Bay. Misturando uma dose boa de ação com um ambiente cheio de dúvidas, as cenas iniciais servem de um bom aperitivo para quem quer se prender no jogo e resolver as perguntas deixadas pelo fugitivo misterioso, assim como para quem apenas quer quebrar Nova York inteira com um indivíduo super-poderoso só para desestressar um pouco.

Uma "combinação" que deu certo

Para explicar Prototype, podemos usar quase uma colagem de outros jogos. Pegamos o vírus letal que transforma a população em zumbis, saído de Resident Evil. Jogamos também a violência e o excesso de sangue de God of War, incluindo mortes brutais. E junto disso tudo está a liberdade que Grand Theft Auto te dá. Temos aí a fórmula. Tudo isso ambientado numa réplica bastante fiel da ilha de Manhattan.

A jogabilidade é free-roam. Você controla Mercer pra onde quiser nos limites da ilha. Todos os prédios são escaláveis e a sensação de poder fazer o que der na telha como em GTA está presente, de um jeito muito mais violento. Matar pedestres, praticar Parkour em becos, jogar carros pro alto, tudo isso é só o início. A grande sacada é que, no meio dessa liberdade toda, nosso anti-herói tem poderes praticamente ilimitados. Uma miscelânia de superpoderes de quadrinhos desencadeada em um só ser. E o visual excelente só acrescenta a isso tudo, tirando a animação de sangue que é um pouco estranha de início, mas com o tempo passa despercebido.

O jogo também conta com o sistema de missões. Existem dois tipos, principalmente: As que desenvolvem a história, que falam por si só, e as missões de desafio, que consistem em executar certas ações num espaço de tempo pré-determinado. Tais ações variam entre escalar um certo prédio até matar uma certa quantidade de zumbis no mínimo de tempo possível. Em ambas as missões - e na maioria das situações de combate do jogo - você ganha EP, Evolution Points, para evoluir Alex e aprender técnicas ainda mais sangrentas. Aqui cito o sistema de upgrading que existe em God of War: É basicamente a mesma coisa.



Mas o trunfo da jogabilidade se mistura com a história do jogo. Entre as técnicas de Mercer, ele tem a habilidade de consumir pessoas. Agarrá-las e matá-las, brutalmente, absorvendo sua essência, suas memórias, sua aparência. Certas pessoas em Manhattan, no entanto, escondem segredos sobre o passado de Alex. Aí entra a Web of Intrigue, que é como a história realmente se revela. Consumindo pessoas-chave, você destrava vídeos dessas lembranças, lhe dando uma peça do grande quebra-cabeça que é composto pelos eventos que acontecem antes de você ter controle de Mercer. Completar o jogo apenas pode lhe oferecer a história toda superficialmente. Terminar a Web of Intrigue significa destravar tudo que se pode saber sobre o enredo. É trabalhoso, e alguns podem até dizer que não vale a pena. Mas é um sistema digno de ser elogiado.

Boa experiência, mesmo que seja uma vez só.

Toda essa "colagem" de outros jogos com alguns fatores ali e aqui que chamam a atenção... Prototype se ganha por isso? Não é tão assim. Apesar de levar características de outros jogos consigo, isso não tira o mérito de que o jogo oferece uma excelente experiência. Não é cansativo: Terminar a história requer menos de 10 horas para um jogador apressado. E não é enjoativo também para aqueles que querem debulhá-lo: Quando as coisas estão num marasmo, quando está tudo tão repetitivo, o jogo tem a capacidade de mudar e lhe dar motivos para continuar jogando.

No entanto, não há fator replay aqui. Esse gás extra de mudança só acontece uma vez, e não aparece de novo. Ao fim de tudo, não há mais motivação para retornar ou recomeçar, a não ser completar a Web of Intrigue para um entendimento completo da história. Mas é só. Provavelmente, ao fechá-lo uma vez, você nunca mais vai jogá-lo de novo.

Por esse motivo, Prototype vale a compra? Depende. Apesar de ser uma ótima experiência, talvez seja melhor ir atrás de um jogo diferente. Aí vai do seu gosto - e bolso. Mas, como já foi citado, o jogo tem um caráter de jogo casual também. Comece o jogo e vá causar caos por toda Manhattan. Diabos, você é super-forte, super veloz e super resistente. Vá curtir seus poderes! Um pouco sem propósito, e talvez irá cansar uma hora. Mas vai te divertir.



Veredito:

Ótima jogabilidade, excelente história, gráficos muito bons. Prototype só falha quando termina: Não lhe dá mais motivos para voltar a jogar, por oferecer apenas mais do mesmo. Mas vale pela experiência: Parkour ilimitado, violência gratuita, horas de gameplay bastante envolventes. Se você quer uma visão nova de jogo, mas estranhamente parecida com tantos outros títulos por aí - e de um jeito muito bom - acompanhar a trajetória sombria de Alex Mercer pode ser sua melhor opção.

E se tudo isso não foi suficiente, uma opinião vinda de Penny Arcade:



Acho que isso resume muita coisa.


Prototype
Ação/Aventura
Da Radical Entertainment, distrubuído pela Activision em Junho de 2009.
Xbox 360, Playstation 3, PC.
Utilizada a versão de Xbox 360 para essa resenha.
História completada uma vez, várias missões opcionais feitas, 80% da Web of Intrigue completa. Maioria das habilidades especiais destravadas.

3 comentários:

  1. Interessante vD , tentarei jogar prototype, me animou a sua resenha.. quem sabe em breve eu consiga.

    Visitem meu blog tbm :3 http://aloksdasfics.tk/

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  2. pow. parece ser bem maneiro. O jogo tbm parece muito pesado, em todos os sentidos. mas deve valer a pena.

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