sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Resenha: Nier

Por Matheus "White" Carvalho


O que você procura em um vídeo game?

O que te faz considerar um bom jogo? O que é necessário para te entreter?

É uma pergunta difícil de responder. Normalmente, procuramos simplesmente aqueles jogos que nos propiciam a melhor experiência de jogo.

Aquele que as revistas especializadas nos mandam comprar. Aquele com melhores gráficos, jogabilidade, sistemas e músicas.

Mas, em um mundo onde gráfico é a lei, você de repente pega um jogo que vai contra tudo que você entende por “bom” e mesmo assim ele te cativa de uma forma que te põe em dúvida tudo que você entende sobre avaliação de games.

Hoje irei falar sobre um game que ousa ser assim.

NIER



Nier foi lançado sem fazer muito barulho, chamando pouca atenção da grande massa gamer atual. Grandes nomes no mundo dos games deram notas medianas, o trailer não animava tanto e as screenshots simplesmente não chamavam atenção.

Nier tinha tudo para ser um fracasso.

Mas algo me chamou atenção. Não sei dizer exatamente o que, mas uma força misteriosa me guiou a procurá-lo e colocá-lo em meu Xbox 360.

O resultado é um amor incondicional meu por este jogo. Mas deixe-me explicar melhor.

Um homem e um livro branco

A história começa com homem em claro sofrimento. Você logo consegue sentir na pele o medo, o frio e a fome que ele está passando.

A cena se prolonga e você descobre que o objetivo daquele homem é claro: Salvar sua filha a qualquer custo. Uma motivação manjada para um filme talvez, mas para um game é algo digno de nota.

Pouco depois, já recebemos o controle para nos defendermos da primeira horda de inimigos e, poucas cenas dramáticas depois recebemos uma tela negra, indicando que milhares de anos no futuro se passaram.

Enquanto você se pergunta o que raios está acontecendo, descobre que aquele mesmo pai ainda está idêntico, mesmo se passando vários anos, este que é na verdade o principal e que carrega o nome do jogo consigo.

Ele passa os seus dias recebendo diversos empregos dos moradores da pequena vila onde mora, tentando buscar uma existência digna de sua pequena e adorável filhinha, Yonah. E como se a pobreza e ser um pai solteiro não fosse sofrimento suficiente, Yonah sofre de uma doença fatal e incurável.

Caramba, não tem nem meia hora de jogo e eu já estava com pena do principal e de sua filha!

Mas calma porque fica pior.

Em meio trabalhos e acasos, Nier acaba encontrando um livro falante, auto-intitulado Grimoire Weiss, esse que garante que possui a cura para sua filha, mas para isso ele precisa juntar seus versos perdidos.

Ai começa sua história! Um homem com a motivação de ouro em busca de uma única esperança para curar sua filha.

Roteiro simples que funciona.

O mundo de Nier é também infestado por criaturas chamadas Shades. São monstros que atacam os humanos sem nenhuma explicação, que alias, tudo a respeito deles são um grande mistério para todos. A única coisa certa sobre eles é que devem ser eliminados antes que eles façam isso conosco.

No meio de sua busca, Nier acaba se encontrando com outros dois indivíduos que tem problemas ainda piores que os dele e acabam seguindo-o para atingir seus próprios objetivos.

Temos Kainé! Que é simplesmente uma das personagens mais interessantes que já tive o prazer de conhecer, trata-se de uma loira monumental que é extremamente grosseira e boca suja!

Digo, MUITO boca suja!

E temos Emil, um garotinho que vive em uma mansão mal-assombrada e que possui uma maldição terrível que todos que ele avista viram pedra, por isso, ele mantém uma faixa sobre os olhos.

Não se deixe enganar por essa introdução fraca que eu dei. O grande forte de Nier está em sua simples, porém belíssima história. Preste bastante atenção nela e tente tirar cada detalhe para poder desfrutar ao máximo o melhor que esse jogo tem a oferecer.

Conforme evolui, a história vai te envolvendo cada vez mais. Você sente perfeitamente o que os personagens estão sentido. Seus anseios, aflições e desesperos são passadas ao jogador de forma magistral.

Quanto mais você joga, mais se anima, pois você e os personagens sentem aquele gostinho de que a solução para todos os problemas estão cada vez mais próximos, mas, virando logo a esquina, o jogo te joga uma surpresa que faz com a felicidade pareça ficar cada vez mais longe.

Sério, é impossível não ficar deprimido em certas partes de Nier.



A jóia não lapidada

Uau! Estou surpreso com esse sub-título poético. Aposto que é porque estou ouvindo a OST de Nier neste exato momento!

Enfim, vou repetir o que todos as resenhas de Nier falam: “Apesar de sua história bonita, o jogo tem seus defeitos.”

É, essa é a dura verdade.

Nier acaba se tornando uma faca de dois gumes. Enquanto é grandioso em certos aspectos, faz feio em outros ao cometer erros bobinhos.

Vou começar pelos defeitos, sim?

Primeiro, os gráficos definitivamente não são bons. Se compararmos com grandes obras da atualidade, Nier demonstra certa incapacidade de seus produtores, fazendo texturas simples e que simplesmente não parecem ter sido terminadas.

Mas eu insisto que Nier não é um jogo feio! Pois os produtores foram espertos e souberam fazer bonito com o pouco que tinham! Apesar dos gráficos nada chamativos, somos brindados com diversos cenários maravilhosos.

Isso é devido a muita genialidade. A direção de arte fez os cenários de forma muito original e bem desenhada, isso somado a efeitos de luz de encher os olhos, passam uma impressão muito bonita. Mesmo com suas texturas que não são de primeira qualidade, Nier cria visuais incríveis.

Viu só? Dá para se fazer bonitos mesmo com recursos simples. As third-parties que fazem jogos para o Wii poderiam aprender muito com Nier!

Outro problema de Nier está na jogabilidade e customização. Ambas são simples demais para os padrões atuais e é o fator determinante para muitos largarem este jogo em pouquíssimo tempo.

Poucos botões de ataque somados a poucas magias que realmente prestam, podem levar a uma grande repetição de combos e meios para derrotar inimigos.

Ah, deixe-me fazer um comentário bobo a respeito do gameplay. O fato é que eu sempre me irrito com ladeiras em games e Nier deu uma solução a minha aflição!

Se você chegar próximo a um penhasco no jogo, ele te impede de passar, como se tivesse uma barreira invisível ali, mas se você quiser atravessá-lo, você pode, basta estar no ar. Parece simples mas é genial! Isso faz com que você tenha uma movimentação bastante livre pelo cenário e ao mesmo tempo impede que você tenha quedas desnecessárias.

O que foi? Depois de zerar o jogo 3 vezes você começa a reparar em detalhes idiotas mesmo. E eu avisei que seria um comentário bobo.

Mas voltando ao foco! Outra coisa que sentaram no tomate foi quanto aos parceiros da equipe. Você tem controle quase nulo sobre eles, não se pode escolher as magias ou equipamentos deles, é inevitável que você esqueça deles pelo cenário enquanto você varre um verdadeiro mar de monstros sozinho.

E tem mais uma coisa que costuma gerar reclamações também: existem momentos que o jogo mostra a história única e exclusivamente por texto narrado em uma tela negra, sem o uso de uma imagem sequer.

Uma baita preguiça dos programadores se você quer saber. Mas, em determinado momento, eu percebi que estava curtindo muito ler aquilo tudo. A ótima narração somada a uma bela música de fundo que se misturava com a história fazia as cenas simplesmente fluírem na minha cabeça.

Caramba! Eu estava lendo um livro! Um bom livro!

Claro, se eu quisesse ler um livro, eu abria um livro, não ligava o Xbox, então, por mais que eu tenha gostado, essa cai na opção de “defeitos” do jogo.

Mas sejamos francos, Nier não se refinou em alguns aspectos propositalmente, ele tem o suficiente para não te entediar ao longo das poucas horas de jogo.

Alias! Esse pode ser considerado outro problema.

Nier é curto, ainda mais se você tomar a sábia decisão de não fazer nenhuma quest. Poucas horas e você já fará o primeiro final, e em menos horas ainda, já estará vendo o segundo. Não só a história como o mundo de Nier também é bem pequeno. Não demora nada até você decorar todos os caminhos e cidades do jogo.

Ah, mais um comentário. Eu tive uma estranha impressão de que esse jogo é MUITO parecido com .Hack//G.U.. Sei lá, as músicas com coro e orquestradas, as luzes fortes ofuscando a visão, o design dos monstros. É tudo muito parecido! Mas não possuo provas palpáveis para reforçar esta alegação então permanecerei quieto.

Mas enfim! Até então, esses erros são perdoáveis. O jogo se mantém no mínimo, eles já sabiam de antemão que estes não seriam o grande chamativo, então receberam atenção apenas para ficar no “mediano” mesmo.

Agora, tem dois erros que não podem ser facilmente esquecidos.

Uma coisa é o jogo ser curto, outra é o jogo ser estupidamente fácil. Eu só encontrei dificuldade em dois chefes no jogo, em todas as vezes que joguei. E não foi porque eram complicados, era simplesmente porque eu não tinha comprado itens de cura e tinha que me virar com o HP que vinha da fase.

Depois de zerar a primeira vez, todos os inimigos, inclusive os chefes, serão uma leve brisa de outono.

Normalmente, eu nem reclamo da dificuldade do jogo, porque isso é relativo e pode ser apreciado de formas diferentes pelos jogadores. No entanto, deixar a dificuldade tão baixa te desanima muito a aumentar seu nível ou evoluir suas armas. Ou seja, você não tem motivação para fazer qualquer coisa que não seja relacionada à história.

E isso me leva ao problema principal de Nier! Sidequests inúteis e maçantes! Vou repassar o que todos que jogaram Nier me falaram: Tente não fazer nenhuma sidequest de Nier. Salvo raríssimas exceções, todas as quests são chatas, nem um pouco originais e te recompensam unicamente com dinheiro. Eu gastei horas tentando fazer uma, e tamanha foi minha decepção na hora de buscar meu prêmio...

Faça um favor para mim e para você. Busque na internet quais são as únicas 4 quests úteis desse jogo que prestam e faça apenas essas. Apenas essas.



Um espetáculo, afinal

Chega de falar mal! Nier tem seus momentos e chegou a hora de falar deles.

Vejam bem, o elenco de Nier é bom, muito bom. Bom de um jeito que fazia tempo que eu não via.

Eu deveria ter comentado isso no ponto sobre a história, mas resolvi separar nesse tópico para falar dos personagens porque isso é um fator muito importante, pois esse é um dos grandes fortes de Nier : seus personagens muito bem trabalhados. Em determinado ponto você vai se envolver pelos carismas deles e vai absorver os sentimentos deles para si.

Nier é assumidamente burro e violento, mas tem um coração do tamanho de um bonde, sua motivação para salvar sua filha é simplesmente contagiante (isso sem falar na persistência dele em ralar até o osso só para garantir uma boa existência para ela). O seu jeitão de “cara-da-fazenda” que acha que pode resolver tudo cortando-lhe a cabeça chega a ser engraçado em alguns pontos. Já Yonah, no entanto, tem poucas cenas no jogo, mas chama bastante atenção por ser tão amável que faz você desejar ter uma filhinha igualzinha a ela.

Weiss é metido a pomposo e tem leves momentos egocêntricos, também é dono de algumas das melhores falas do jogo. Emil já é um pouco mais chatinho, mas você também seria se passasse pelo o que ele passou.

Ah, e a Kainé, bem... é a Kainé!

Sério! Deixe-me contar, eu fiquei marcado eternamente por uma das primeiras cenas dela no jogo. Imaginem só: Você encontra um garota loira, toda bonitinha, toda revoltadinha. Na hora passa pela sua cabeça que ela vai ser aquela típica personagem de anime que é toda forte por fora, mas por dentro é tímida e amigável.

Ai ela se encontra com o chefão e diz que VAI MIJAR NAS MEIAS DELE!

Sério! Que jogo em que a mocinha diz uma coisa dessas, hum?

Incrível! Alias, Nier também soube avaliar muito bem seu público. Uma trivia: Existem duas versões diferentes de Nier no Japão. A versão para Xbox que é a que estamos acostumados a jogar pois foi lançada por aqui, e é onde temos um principal velho e bombado. A outra é exclusiva para o PS3 e conta com um personagem principal bem mais jovem, mais focado no público japonês. Vejam só:



Interessante, não é? O pior é que funciona! Tentem digitar “nier” em sites de fanarts japonês e vejam que estará lotado de desenhos desse principal.

Adoro quando nós gamers somos tratados como um público de respeito.

Enfim! Deixei para comentar o melhor para o final.

Sendo franco: As músicas de Nier são lindas.

Lindas não, estupendas! Vai ter momentos que você vai parar e vai ser obrigado a dizer “caraça!”.

É com toda certeza uma das OSTs mais belas já produzidas para um vídeo game.

Sério, acho que eu gosto mais das músicas de Nier do que do próprio jogo.

Veredito

Vou finalmente encerrar esse artigo por aqui. Peço desculpas pelo tamanho dele, é porque eu amo demais esse jogo e tenho muito a dizer sobre ele.

E percebam que eu consegui transformar a maioria dos defeitos em coisas que podemos esquecer para apreciar o que esse jogo tem de melhor! E eu me apaixonei pela história a ponto de ignorar estes defeitos.

O que foi? Eu nunca falei que esse review seria imparcial.

Não se deixe enganar pelos reviews pelo mundo afora, Nier é um excelente jogo que te propiciará experiências únicas que te marcaram por vários anos no futuro.

Eu comecei a jogar descontraído, sem muita pretensão, e hoje eu amo ele com todas as minhas forças e costumo sempre lembrar dele e de seus ótimos personagens nos momentos mais incomuns.

E eu termino essa resenha com a imagem mais linda que eu consegui achar das minhas personagens que acabaram de se tornar as minhas favoritas no game:



Desculpa, é mais forte do que eu. Alias, já se passaram horas desde que eu comecei a ficar olhando para essa imagem e eu ainda não consegui parar.



NieR
Desenvolvido pela Cava, distribuído pela Square Enix em Abril de 2010
Xbox 360, Playstation 3
Usada a versão americana de Xbox 360 para se fazer o review
Visto todos os finais, feito algumas quests apenas.
Não tenho certeza de quantas horas eu tenho pois minha data foi deletada (você sabe porque).

10 comentários:

  1. Gosto de jogos que chegam o mais próximo da realidade, e de preferência do gênero Horror. Talvez sejam poucos os que gostam, creio que a maioria curte mais ação, enfim.

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  2. só comento porque é texto do White

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  3. Único JRPG nessa geração que realmente surpreendeu e cumpriu além do prometido. Apesar do gráfico feinho e jogabilidade simples todo o resto nele é perfeito realmente.

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  4. Nice!
    Como fã de jrpgs, a vontade de jogar bateu forte aqui. Tá na minha listinha de jogos a comprar quando chegar na Englândia.

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  5. Nya, eu não tenho um XBox, por isso não sei quando terei a oportunidade de jogar esse, buuut, muito me interessou os comentários \o\ Seria bom se o mercado de jogos e a mídia focasse mais em jogos assim, ao invés de dar todo prestígio a essas mesmas porcarias enjoadas que tão por cima kkk @_@

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  6. OK...belo "review". Eu tbm adoro alguns jogos q ngm gostou ou a mídia naum gostou, vc sabe q tecnicamente eles saum ruins, mas as vezes, vc se apaixona por alguns jogos. Eu sei EXATAMENTE como vc se sente....
    OBS: Já ouviu falar em The Bouncer (PS2)?

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  7. cara, realmente a OST de Nier é excelente! to ouvindo agorinha o disco 1.

    com este review deu mais vontade ainda de jogar =)

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  8. brother, sei que essa resenha foi feita 3 anos atrás, e vc nunca verá meu comentário, maaaas... se por ventura isso chegar a vc, receba meus parabéns por essa resenha!
    acabei de terminar o jogo, e como é tradição minha sair pesquisando opiniões e imagens sobre um jogo ou livro que acabei de desfrutar, caí aqui no seu blog.
    e concordo com tudo o que vc falou! os defeitos existem, mas sempre consegui relevá-los em prol do conjunto fantástico desse jogo!
    (e é muito difícil explicar para os outros de fato o pq dessa história tão SIMPLES ser tão FASCINANTE)

    ah, só não concordo que o Emil é chato, adoro o garoto hahaha
    Abs

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  9. Gabriel, muito obrigado pelo seu comentário! Eu lembro que estava bastante empolgado quando escrevi o texto, ainda naquela euforia pós fim de jogo. :)

    Como eu disse lá, Nier éum dos jogos mais injustiçados dessa geração. Merecia tersido jogado por mais pessoas com toda certeza.

    Por fim, só digo que o Emil é chatinho no sentido que um irmão mais novo seria. Mas não tem como deixar de gostar do garoto ...

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